sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Ide, idem todos, pelo que esperam?

Cansa, ou pelo menos a mim cansa, estar constantemente a ouvir dizer que "nos outros países" é que é bom: que a política é melhor, que as escolas são melhores, que os ordenados são melhores, que os pais são melhores, que as crianças são melhores, que a roupa é melhor, que a comida é melhor, que a praia é melhor, que a nuvem é melhor, que o chão é melhor, que a água é melhor, que os hospitais são melhores, que as estradas são melhores, que a maneira de ver as coisas é melhor, que os transportes são melhores, que a mentalidade é melhor, que as infra-estruturas são melhores, que o sol é melhor, que a areia é melhor, que as árvores são melhores, o papel higiénico é melhor,  que ... sei lá... que tudo é melhor.

Ide. Não fazeis cá falta. De certeza que "lá" (onde quer que isso seja, nunca especificam, dizem apenas "noutros países" ou "lá fora", e o lá fora é grande. Então África e Ásia ocupam a maior parte do "lá fora") até a má língua, a crítica, a má vontade, o discernimento, o julgamento, a censura  - todos - são de certeza melhores. 

Não percebo porque é que muitas dessas pessoas, as que já foram e agora estão cá, não voltam para "lá". E as outras, as que ainda não foram, permanecem cá e não vão.
Idem todas para onde é melhor.
Com tanta capacidade para analisar, corrigir, orientar, opinar sobre a gentinha ignorante que é o português valorizavam mais o seu esforço e aptidões lá no estrangeiro, onde quer que esse estrangeiro maravilhoso seja.

Ide. E, de preferência, ficai por lá. Ou "lá" todo este rol de opiniões não vale nada e cá sentem-se mais importantes mandando os bitaites? Deve ser isso, os portugueses em geral devem, aos olhos destes portugueses de "elite", ser tão apoucados que estes mesmo portugueses de "elite", como se vêem a si próprios*, preferem viver num sítio mau, horrível mesmo acharem-se uns deuses da opinião que viverem bem num quaquer outro país muito melhor e serem mais uns quaisquer iguais a tantos outros quaisquer.



* Curiosamente acham-se de elite por terem determinadas opiniões formadas e consolidadas e "esquecem-se" ( ou não querem) de pensar que os "outros" portugueses (para eles devem ser escória), também têm as suas convicções, as suas opiniões. Não andamos aqui a flutuar ao sabor da corrente.

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