Home alone

Desde dia 15 de Dezembro de 2010 que não estou Home Alone sem absolutamente nada para fazer. 

Dizer que estou "sem absolutamente nada para fazer" é hiperbolicamente  falso. Primeiro porque é falso, depois porque é exageradamente falso. Tenho coisas para fazer e até muitas. 

A verdade é que nenhuma delas é urgente como têm sido todas as coisas que tenho tido para fazer em todos os escassos dias em que "não tive nada para fazer" nestes últimos 1008 dias.

Fui pôr o filho ao infantário (nunca sei se hei-de chamar infantário, creche ou jardim de infância, é qualquer coisa por aí, é o sítio onde deixo o meu filho de 33 meses e um dia enquanto vou trabalhar) apesar de estar de folga, porque acredito que as rotinas das crianças devem ser mantidas, e de volta a casa pensei ver um filme. Não vejo um filme sem que haja qualquer tipo de interrupção ou adormeça a meio há muito tempo. Mas afinal não me apetece ver um filme. 

Não sei usar o tempo que tenho para mim. O que tenho para fazer - arrumar, limpar, arrumar, limpar, cerzir, elaborar, embrulhar, organizar, só de pensar que está lá para fazer, faz a minha consciência pesar até achar que ver um filme ou ler umas páginas de um livro seja algo completamente abominável. E enquanto não arrumo, limpo, arrumo, limpo, cirzo, elaboro, embrulho, organizo vou passando o tempo aqui a pôr em ordem algumas ideias e dando mais vida a este blog que faz parte de mim e é parte de mim. E a minha consciência não fica tão pesada.