Nestes dias de incerteza (que já se arrastam por anos) dou comigo a pensar que esta maneira de eliminar a classe média, obrigá-la a decidir-se pela alta ou baixa e, por fim, exterminar a baixa, está a demorar muito tempo.
O povo - a plebe - o populacho, como queiram chamar, não tem por onde existir. Persiste em subsistir na esperança de dias melhores mas que nunca virão. Tira-se às refeições uma batata hoje, um punhado de arroz amanhã - que se comermos menos uma garfada não morremos de fome, mete-se mais uma bucha de pão na boca e um trago da desengraçada mas ainda assim mais económica (ainda que não saibamos que porcarias andamos a beber) água.
Teima a gentalha em continuar a sua rotina da maneira como pode, como se consegue adaptar, entre um desemprego aqui e um biscate ali, esta gentinha que nunca mais emigra ou morre.
Resistentes que somos nós, a ralé, deve ser de estarmos sujeitos a tudo parece que a tudo ficamos imunes e se há os mais vulneráveis que vão ficando pelo caminho ou mudam de direcção, há os resistentes - mania da persistência - que permanecem firmes como um mastro de bandeira e continuam dia após dia uma labuta vã.
Morremos à fome, morremos analfabetos, morremos sem cuidados de saúde básicos.
Extermine-nos de uma vez Sr. Ministro. Ou está armado em deus-todo-poderoso da Selecção Natural e nós somos umas cobaias neste jardim à beira-mar plantado onde nos observa à espera de verificar as teorias de Darwin?
Espera uma revolta apocalíptica hollywodesca aqui no nosso pacato rectângulo?
O que espera?
O que quer de nós?
1 comentário:
Eu também não sei o que eles querem de nós...se não é exterminar-nos, deve ser enlouquecer-nos.
Beijinhos e continuemos com força.
Enviar um comentário