Eu sei que têm razão quando dizem que acontecem dias em que as coisas correm bem mas não reparamos nelas porque o bem que nos fazem não é em termos de intensidade igualável ao mal às coisas que correm mal.
Mas reparem.
Há dias em que começa logo de madrugada.
Não se dorme. Mais que uma insónia é uma insónia e um mau estar corporal. Dói o estômago, dói o peito, dói** as costas.
Dormimos mal, atrasamo-nos, dói a cabeça. Chegamos a casa da avó e ela está mais taralhouca que o costume ou então achamos que é do cansaço de uma noite mal dormida e que estamos sem paciência. Começa a culpa porque devíamos ser mais pacientes.
Na estrada o trânsito parace ter sido posto lá de propósito para nós e a sensação que dá é que depois de chegados ao destino todos aqueles carros vão desaparecer magicamente.
No telefonema matinal rápido à cara metade somos postos a par que as coisas não estão lá muito bem, tudo a cair em cima acaba por esmigalhar.
No trabalho, que já é diariamente um sacrifício - e fosse antes daqueles ao belo estilo de arrancar corações em vez de ser uma tortura de sangria lenta - as coisas precipitam-se e acabamos por ouvir da nossa boca as palavras que andam engasgadas há dias, semanas, meses... anos. Anos? - pensamos nós? Sim, anos, a brincar já se completaram 3 anos.
Quando à hora de almoço pomos a primeira garfada na boca percebemos que o estômago ainda não quer trabalhar. Não comemos mais que o estritamente necessário para aguentar um pedaço da tarde.
De regresso ao escritório um telefonema do Centro de Saúde. A consulta precisa ser adiada. Não, não pode ser adiada, mas o dr. amanhã não pode, eu não posso adiar, então venha a correr que falamos com ele - e foi o momento "bom"* do dia.
Catrefada de exames, catrefada de credenciais, mais cartas para "recomendação" a especialidades.
Tarde calma no escritório. O estômago, esse, não quer nada com a comida. Acusa cada vez que pomos qualquer coisa na boca. Um dia destes já não como não pela dor mas pela falta de hábito.
Chegamos a casa e a nossa vida ali à nossa frente está um caco. Mas como sempre não há tempo para remendar, colar, o que seja, temos que pega nas trouxas e sair a correr, há outras exames a fazer.
Há dias assim. Em que no fim do dia nos sentamos no sofá, relaxamos um pouco - como se isso fosse possível - e ingerimos umas drogas - ainda que legais - para dormir descansadamente, porque sabemos que o dia seguinte não vai ser melhor que este, e que a cada dia, sucessiva e matematicamente as coisas vão progredindo no sentido de ficarem sempre um bocadinho pior. Porque a vida é assim mesmo.
*Quando o momento "bom" do dia é porque nos ligam do centro de saúde a dizer que a consulta tem que ser adiada e ficamos felizes porque afinal há alternativa e o médico é flexível e nos atende ainda hoje algo estará inequívocamente mal, penso eu.
**Para os meus efeitos optei por colocar o verbo no singular. Posso? E não, não é um pedido, é uma obsevação irónica.
Mas reparem.
Há dias em que começa logo de madrugada.
Não se dorme. Mais que uma insónia é uma insónia e um mau estar corporal. Dói o estômago, dói o peito, dói** as costas.
Dormimos mal, atrasamo-nos, dói a cabeça. Chegamos a casa da avó e ela está mais taralhouca que o costume ou então achamos que é do cansaço de uma noite mal dormida e que estamos sem paciência. Começa a culpa porque devíamos ser mais pacientes.
Na estrada o trânsito parace ter sido posto lá de propósito para nós e a sensação que dá é que depois de chegados ao destino todos aqueles carros vão desaparecer magicamente.
No telefonema matinal rápido à cara metade somos postos a par que as coisas não estão lá muito bem, tudo a cair em cima acaba por esmigalhar.
No trabalho, que já é diariamente um sacrifício - e fosse antes daqueles ao belo estilo de arrancar corações em vez de ser uma tortura de sangria lenta - as coisas precipitam-se e acabamos por ouvir da nossa boca as palavras que andam engasgadas há dias, semanas, meses... anos. Anos? - pensamos nós? Sim, anos, a brincar já se completaram 3 anos.
Quando à hora de almoço pomos a primeira garfada na boca percebemos que o estômago ainda não quer trabalhar. Não comemos mais que o estritamente necessário para aguentar um pedaço da tarde.
De regresso ao escritório um telefonema do Centro de Saúde. A consulta precisa ser adiada. Não, não pode ser adiada, mas o dr. amanhã não pode, eu não posso adiar, então venha a correr que falamos com ele - e foi o momento "bom"* do dia.
Catrefada de exames, catrefada de credenciais, mais cartas para "recomendação" a especialidades.
Tarde calma no escritório. O estômago, esse, não quer nada com a comida. Acusa cada vez que pomos qualquer coisa na boca. Um dia destes já não como não pela dor mas pela falta de hábito.
Chegamos a casa e a nossa vida ali à nossa frente está um caco. Mas como sempre não há tempo para remendar, colar, o que seja, temos que pega nas trouxas e sair a correr, há outras exames a fazer.
Há dias assim. Em que no fim do dia nos sentamos no sofá, relaxamos um pouco - como se isso fosse possível - e ingerimos umas drogas - ainda que legais - para dormir descansadamente, porque sabemos que o dia seguinte não vai ser melhor que este, e que a cada dia, sucessiva e matematicamente as coisas vão progredindo no sentido de ficarem sempre um bocadinho pior. Porque a vida é assim mesmo.
*Quando o momento "bom" do dia é porque nos ligam do centro de saúde a dizer que a consulta tem que ser adiada e ficamos felizes porque afinal há alternativa e o médico é flexível e nos atende ainda hoje algo estará inequívocamente mal, penso eu.
**Para os meus efeitos optei por colocar o verbo no singular. Posso? E não, não é um pedido, é uma obsevação irónica.
6 comentários:
É com estes relatos e outros que às vezes penso que ter emprego afinal não é muito melhor que não ter. Só mesmo pelo dinheiro!
Força!
Parece uma autêntica saga...
Mas no fim ganhas tu, assim espero.
As melhoras. ;)
**
Merda da falta de saúde. Merda de dias, merda de fases que temos de viver. Merda pra isto!
Mas havemos de vencer, certo?
As melhoras, um beijo grande*
Ai isso ainda esta pior que antes... se precisares estou aqui. Abracos e beijinhos para os dois.
Que dia, hein!
Pois é, há dias assim...
Beijos!
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