Gostava

Ia-me saber bem ter tempo para andar a passear-me em frente às montras, como em tempos descontraídos já idos em que este simples gesto aparentemente tão banal, por ser de facto tão casual,não recebia o devido apreço.

Gostava de ter tempo para me passear na Lisboa que gosto, percorrer de lés a lés como quando andava na faculdade e saía da CU, metia ali pela Av. do Brasil, seguia pela Av. de Roma, Areeiro, Av.Almirante Reis, Martim Moniz, Praça do comércio, Bairro alto, miradouro de S. Pedro de Alcântara e por fim descida pela calçada do duque até à estação do Rossio e viagem bem merecida de descanso aos pézinhos até Queluz, recarregando forçar para subir a Av. Joaquim Luís.


Gostava de ter a paciência de acabar de jantar e preparar-me para ir beber um copo num bar qualquer (ainda) fumarento, barulhento e apinhado de gente.

Gostava de ter a vontade sequer de ir conhecer e estar com gente.
De perder tempo a falar de assuntos triviais, da vida de outros, de ...

Enfim, gostava de ter paciência, descontracção, tempo para perder tempo a fazer coisas banais que nunca são apreciadas a não ser quando fazendo contas ao tempo e vemos que não temos tempo para perder tempo sequer a fazer essas contas e a pensar no tempo que não temos.